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Ervas Medicinais e o Controle do Diabetes:
O Que Diz a Ciência
O diabetes é uma condição crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, caracterizada pela incapacidade do corpo de regular adequadamente os níveis de açúcar no sangue. Isso ocorre devido à produção insuficiente de insulina pelo pâncreas e/ou à redução da eficácia da insulina no corpo, impedindo a utilização adequada da glicose. Os fatores de risco para o diabetes podem ser ambientais ou hereditários. As mudanças ambientais causadas pelo ser humano, juntamente com hábitos e estilos de vida, podem influenciar o desenvolvimento dos diferentes tipos de diabetes. Nas últimas décadas, as pesquisas sobre diabetes têm progredido rapidamente, levando à descoberta de novas formas de tratamento. Apesar disso, muitas pessoas com diabetes continuam a utilizar plantas medicinais como uma terapia alternativa complementar aos tratamentos convencionais.
Vamos explorar o que a ciência diz sobre algumas das ervas mais estudadas no controle do diabetes.
Canela (Cinnamomum verum)
A evidência científica indica que a administração de canela possui efeitos terapêuticos, como atividade antidiabética e sensibilizadora de insulina através de vários mecanismos de ação . Foi relatado que, em um modelo in vitro, o extrato da casca de canela da espécie Cinnamomum zeylanicum pode inibir as atividades da sucrase intestinal, da α-amilase pancreática e da α-glicosidase, e assim reduzir a digestão e absorção de carboidratos.
Como Usar:
Pode ser adicionada a chás, smoothies ou polvilhada sobre alimentos.
A dose recomendada varia, mas geralmente é de 1 a 6 gramas por dia.
Açafrão ou Cúrcuma
A curcumina, o componente bioativo da Curcuma longa L., é amplamente utilizada e documentada no tratamento do diabetes e suas complicações, devido às suas diversas propriedades farmacológicas e biológicas. Originária do Sudeste Asiático, a cúrcuma (Curcuma longa L.) é uma especiaria que, além de ser um condimento culinário, contém substâncias antioxidantes, antimicrobianas e corantes, como a curcumina. Estas propriedades fazem da cúrcuma uma candidata promissora para aplicações nas indústrias cosmética, têxtil, medicinal e alimentícia, oferecendo benefícios que vão além de seu uso tradicional na cozinha.
Outros estudos demonstram resultados positivos com o uso de Curcuma longa L. em pó, curcuminóides e curcumina em pacientes com diabetes tipo 2. Esses benefícios são atribuídos ao efeito antioxidante da cúrcuma, bem como às melhorias observadas no perfil lipídico, no peso corporal e no índice de massa corporal dos pacientes.
Como Usar Cúrcuma
Existem diversas maneiras de utilizar a cúrcuma, seja para benefícios à saúde ou como condimento. Ela pode ser preparada de várias formas:
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Decocção do Rizoma: Consiste na fervura do rizoma para extrair seus compostos ativos.
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Infusão: O rizoma é utilizado para fazer chás.
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Tintura: Preparação com álcool e a planta medicinal para extrair seus componentes.
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Pó Micronizado: Pó fino da cúrcuma, usado em várias receitas e preparações.
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Extrato Seco, Padronizado e Fluido: Formas concentradas para diferentes finalidades terapêuticas.
A forma de uso recomendada varia conforme o tratamento pretendido.
A cúrcuma também é amplamente utilizada como condimento, adicionando um sabor levemente picante a pratos como molhos, carnes, arroz e caldos.
Contraindicações e Cuidados
Apesar de ser geralmente segura em doses de até 10g/dia, a cúrcuma apresenta algumas contraindicações:
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Úlceras Gástricas: Pessoas com histórico ou úlceras ativas devem evitar o uso prolongado.
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Alergia à Curcumina: Indivíduos sensíveis à curcumina devem evitar o consumo.
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Problemas Hepáticos e de Coagulação: Contraindicada em casos de obstrução dos ductos biliares, distúrbios hemorrágicos, ou uso de medicamentos anticoagulantes.
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Gestantes, Lactantes e Crianças: Não recomendada durante a gravidez e lactação, nem para crianças.
Além disso, é importante considerar as interações medicamentosas, especialmente com anticoagulantes, anti-inflamatórios, imunossupressores e certos medicamentos como irinotecano e cotrimoxazol, devido à possibilidade de potenciais efeitos adversos
A pata de vaca, uma planta nativa da América do Sul, é amplamente reconhecida por suas propriedades medicinais, especialmente no controle da diabetes. Esta planta, caracterizada por suas folhas que lembram o formato do casco de uma vaca, tem sido objeto de diversas pesquisas devido às suas propriedades hipoglicemiantes.
Uso da Pata de Vaca (Bauhinia forficata) para Diabetes
A pata de vaca, uma planta nativa da América do Sul, é amplamente reconhecida por suas propriedades medicinais, especialmente no controle da diabetes. Esta planta, caracterizada por suas folhas que lembram o formato do casco de uma vaca, tem sido objeto de diversas pesquisas devido às suas propriedades hipoglicemiantes.
Histórico e Pesquisas
As primeiras pesquisas sobre a ação hipoglicemiante da pata de vaca foram conduzidas pela Dra. Carmela Juliani nos anos de 1929, 1931 e 1941. Estes estudos pioneiros descreveram a capacidade da planta de diminuir os níveis de açúcar no sangue e a presença de açúcar na urina, conhecida como glicosúria. Devido a essas descobertas iniciais, a pata de vaca continua a ser intensamente estudada em relação ao tratamento da diabetes.
Fitoquímicos e Bioativos
Pesquisas indicam que os efeitos benéficos da pata de vaca no controle da diabetes podem ser atribuídos a compostos bioativos presentes na planta, tais como:
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Quercetina: Um flavonoide com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. A quercetina pode ajudar a reduzir os níveis de glicose no sangue, embora o mecanismo exato ainda não seja completamente compreendido.
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Kaempferol: Outro flavonoide que também possui propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, podendo desempenhar um papel na regulação da glicose no sangue.
Mecanismo de Ação
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Redução dos Níveis de Açúcar no Sangue: A pata de vaca é conhecida por sua ação hipoglicemiante, ajudando a diminuir os níveis de glicose no sangue.
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Redução da Glicosúria: A planta também diminui a glicosúria, o que indica uma melhor gestão da glicose no organismo. Ainda não se sabe exatamente como esse processo ocorre, mas acredita-se que seja devido à ação da quercetina e do kaempferol.
Formas de Uso
Para aproveitar os benefícios da pata de vaca no controle da diabetes, é importante utilizá-la de forma correta:
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Chá de Pata de Vaca:
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Ingredientes: 2 a 3 folhas de pata de vaca.
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Preparo: Ferva uma xícara de água, adicione as folhas e deixe em infusão por 10 minutos.
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Consumo: Beba 2 a 3 vezes ao dia.
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Extrato de Pata de Vaca:
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Disponível em lojas de produtos naturais, siga a dosagem recomendada no rótulo ou conforme orientação de um profissional de saúde.
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Precauções
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Consulta Médica: Antes de iniciar o uso da pata de vaca, consulte um médico, especialmente se você já está em tratamento para diabetes ou outras condições de saúde.
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Monitoração: Monitore regularmente seus níveis de açúcar no sangue ao usar pata de vaca para ajustar as dosagens conforme necessário.
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Qualidade dos Produtos: Certifique-se de adquirir produtos de alta qualidade e de fontes confiáveis para evitar contaminação ou adulteração.
Recomendações Gerais
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Consulta Médica: Antes de iniciar qualquer tratamento com plantas medicinais, é essencial consultar um médico ou especialista em fitoterapia, especialmente se você já está em tratamento para diabetes ou outras condições de saúde.
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Monitoração: Monitore regularmente seus níveis de açúcar no sangue ao usar essas plantas medicinais para ajustar as dosagens conforme necessário.
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Qualidade dos Produtos: Certifique-se de adquirir produtos de alta qualidade e de fontes confiáveis para evitar contaminação ou adulteração.
A pata de vaca, assim como outras plantas medicinais, pode ser um complemento valioso ao tratamento médico, mas não deve substituir os medicamentos prescritos sem orientação de um profissional de saúde. Suas propriedades hipoglicemiantes, juntamente com seus compostos bioativos, fazem dela uma aliada importante no manejo da diabetes, contribuindo para uma melhor qualidade de vida dos pacientes.
Outras plantas relacionadas com a prevenção e o tratamento da Diabetes
Feno-grego (Trigonella foenum-graecum)
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Parte Utilizada: Sementes
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Modo de Preparo: Infusão, pó
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Finalidade Terapêutica: Hipoglicemiante
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Possível Efeito Biológico: Aumenta a sensibilidade à insulina e reduz a glicose sanguínea
Vassourinha (Scoparia dulcis L.)
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Parte Utilizada: Raiz
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Modo de Preparo: Infusão
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Finalidade Terapêutica: Hipoglicemiante e hipotensiva
Tamarindo (Tamarindus indica)
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Parte Utilizada: Casca, Polpa, Folha, flores ou galhos
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Modo de Preparo: Maceração, Decocção, Infusão
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Finalidade Terapêutica: Hipoglicemiante
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Possível Efeito Biológico: Maior absorção de glicose no fígado e músculos
Pau-de-ferro (Caesalpinia ferrea)
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Parte Utilizada: Casca
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Modo de Preparo: Maceração, Decocção
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Finalidade Terapêutica: Hipoglicemiante
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Possível Efeito Biológico: Estimulação de células β-pancreáticas remanescentes
Moringa (Moringa oleifera)
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Parte Utilizada: Folha, flores ou galhos
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Modo de Preparo: Decocção, Infusão
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Finalidade Terapêutica: Hipoglicemiante
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Possível Efeito Biológico: Ação antidiabética
Capim-santo (Cymbopogon citratus )
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Parte Utilizada: Folha, flores ou galhos
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Modo de Preparo: Infusão
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Finalidade Terapêutica: Hipotensiva
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Possível Efeito Biológico: Efeito diurético, calmante e redução da resistência vascular
Gymnema (Gymnema sylvestre)
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Parte Utilizada: Folhas
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Modo de Preparo: Extrato, cápsulas
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Finalidade Terapêutica: Hipoglicemiante
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Possível Efeito Biológico: Reduz a absorção de glicose no intestino e melhora a função das células beta-pancreáticas
Considerações Finais
Embora as ervas medicinais possam oferecer benefícios promissores para o controle do diabetes, é crucial lembrar que elas não devem substituir os tratamentos convencionais prescritos por um profissional de saúde. Sempre consulte seu médico antes de iniciar qualquer nova terapia, especialmente se você já está tomando medicamentos para diabetes. A integração de ervas medicinais pode ser uma abordagem complementar eficaz, mas deve ser feita com cuidado e supervisão médica.
Fontes
Antioxidant Effects and Mechanisms of Medicinal Plants and Their Bioactive Compounds for the Prevention and Treatment of Type 2 Diabetes: An Updated Review - Unuofin - 2020 - Oxidative Medicine and Cellular Longevity - Wiley Online Library
Pharmaceuticals | Free Full-Text | Role of Fenugreek, Cinnamon, Curcuma longa, Berberine and Momordica charantia in Type 2 Diabetes Mellitus Treatment: A Review (mdpi.com)
01_defani_revisado_ing.pdf (bvsalud.org)
tribuir para uma gestão mais eficaz da glicemia e melhoria geral da saúde.
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